quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Mudança de endereço! umjornalismosocial.wordpress.com

Olá amigos,
a partir de agora este Blog será hospedado no Wordpress.
http://umjornalismosocial.wordpress.com

Apesar de eu gostar do blogspot, principalmente da parte estética, o Wordpress agrega ferramentas importantes como a possibilidade de se inscrever e receber os posts por e-mail.
A partir de outubro, o blog estará sendo escrito de Israel, da Índia, de alguma lugar do Oriente Médio ou do Sudeste Asiático. Espero que vocês continuem acessando e comentando o que acharem relevante.
Inscrevam-se no novo endereço e recebam os posts mais facilmente.

Definição de Pobreza - Muhammad Yunus e Grameen

Uma definição de pobreza que leva em consideração apenas a renda, como a famosa linha de U$1,00 por dia, com certeza carece de um aprofundamento se a proposta é, de alguma maneira, contribuir com a solução do problema. Afinal, um ser multidimensional como o ser humano precisa de uma análise e soluções mais complexas.
O Professor Muhammad Yunus, famoso por sua atuação com o microcrédito junto ao Banco Grameen, propõe um novo modo de encarar a pobreza. Ele definiu, junto à sua equipe do Grameen,  dez pontos básicos que diferenciam uma vivência digna de outra repleta de carências potencialmente prejudiciais. Assim, àqueles que não se enquadram nestes princípios básicos são considerados ainda "pobres" pelo Banco:
"1) Vivam em uma casa com telhado de zinco e durmam em catres ou estrados, em vez de dormirem no chão. Ou casas que valham pelo menos 25 mil tacas (370 doláres).
2) Bebam água pura encanada, água fervida ou água sem arsênico, filtrada ou purificada de alguma forma.
3) Todos os filhos física e mentalmente saudáveis, acima dos 6 anos, frequentem ou já tenham terminado o ensino básico.
4) A prestação mínima semanal semanal do empréstimo com o Grameen seja de 200 tacas (3 doláres).
5) Todos na casa usem latrinas higiênicas
6) Todos tenham roupas suficientes para satisfazer suas necessidades diárias (roupas de inverno, mantas e mosquiteiras)
7) A família possua fontes adicionais de renda, às quais possam recorrer em caso de necessidade.
8) O membro Grameen mantém um saldo anual médio de 5 mil tacas na poupança (próximo à 75 doláres).
9) Consiga oferecer à sua família 3 refeições substanciais por dia, o ano todo.
10) Todos cuidem da saúde, tomem medidas imediatas e possam arcar com despesas médicas, em caso de doença."*

A importância destes 10 parâmetros é de reafirmar a necessidade de que a pobreza seja definida claramente, de modo que um programa ou projeto antipobreza tenha público-alvo, metas, objetivos e resultados capazes de se tornarem realidade. Muitas vezes ainda será necessário redefinir a pobreza de acordo com o ambiente, o estado ou o país, para qualificar ainda mais a atuação de projetos e empreendedores que buscam a solução para estes problemas sociais.
Não há mais como equilibrar políticas públicas e iniciativas sociais em dados despersonalizantes e tão distantes da realidade factual pela qual os mais pobres do mundo estão passando. Afinal, o que significaria - de fato - viver com menos de U$1 ao dia? E qual solução iria conseguir alterar esta realidade sem parecer simplista ou desrespeitosa com a grande diversidade de seres humanos abaixo dessa linha?

*Trecho extraido do 5º capítulo do livro Um Mundo sem Pobreza, de Muhammad Yunus.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Empatia da Civilização

Dessa vez, um vídeo muito interessante. Não só por seu conteúdo, mas também pela forma como ele foi produzido. Interessantíssimo!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Ranking de países

A revista Newsweek lançou um site virtual muito interessante com um infográfico interativo muito completo. Ele compara diversos aspectos e dados de países e você pode construir rankings de acordo com as prioridades escolhidas.
Vale uma boa olhada:
http://www.newsweek.com/2010/08/15/interactive-infographic-of-the-worlds-best-countries.html#

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Um outro olhar sobre a exclusão

Discutir exclusão social é uma tarefa difícil. Ao mesmo tempo em que é um tema amplamente comentado, na maioria das vezes é sempre observado sobre uma ótica unidirecional. Ou seja, estuda-se o “excluído involuntário”, aquele que por alguma razão – ou um conjunto delas – situa-se à margem de alguma condição social de maioria.

É sempre o morador da favela, da periferia, de rua, o pobre ou o outro que é taxado de excluído, em relação ao que “nós” possuímos. Porém poucas são as vezes em que temos a sinceridade de nos enquadrar em uma outra classificação de excluídos: os excluídos voluntários.

O indivíduo que escolhe, voluntariamente, se posicionar às margens de uma realidade tida como mais complicada também está se excluindo. Explico: manter uma relação com o desfavorecido, o pobre, o favelado ou o morador da periferia apenas no campo das idéias é uma forma até mais cruel de exclusão. Abdica-se do dever de colaborar com esta pessoa em situação desfavorável em troca de um discurso, uma postura distanciada e uma série de justificativas aparentemente plausíveis.

Opta-se por uma postura distanciada, fazendo vista grossa aos problemas reais e enquadrando a complexidade dos problemas possíveis como se fossem um bloco só (do qual queremos distância);

Porém, urge a necessidade de um novo olhar sobre a exclusão. Não apenas incluir os desfavorecidos à vida publica e seus benefícios, como também incluir esta grande maioria já estável na solução dos problemas sociais. Na prática, há a necessidade de substituir esta lógica que divide a sociedade em duas para reestabelecer um sentimento de co-responsabilização pelo outro.

sábado, 14 de agosto de 2010

Não paguem às nossas crianças, eduquem-nas!


                                      
Muito se escuta - e se fala - sobre a importância da educação para o crescimento e desenvolvimento de um país. Porém, raras são as vezes em que se é possível observar e discutir qual educação, de que forma ela deveria acontecer, e quais os meios para deixá-la mais atrativa e, portanto, mais eficiente.
Na Folha de São Paulo de ontem, o caderno Cotidiano traz uma reportagem sobre um projeto chamado Multiplicando Saber. Nem vou começar dizendo "a ideia é boa, mas..." porque particularmente não acho o princípio positivo. O projeto é um piloto, fruto de parcerias interessantes: o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Organizações Não-Governamentais, professores da Universidade de São Paulo (USP), e pesquisadores da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE).
A proposta se divide em duas iniciativas principais. Primeiro, jovens do 2º e 3º ano do ensino médio poderão se inscrever para serem tutores em matemática de "pupilos" da 6º ou 7º série do ensino fundamental. A segunda iniciativa é premiar os chamados pupilos que comparecerem a um mínimo de aulas de reforço escolar (pois elas são recomendadas, mas não obrigatórias).
Os tutores selecionados receberão R$115,00 para ministrar estas orientações e os pupilos serão beneficiados com R$50,00 se atingirem a presença mínima. A própria matéria traz opiniões divergentes. Enquanto alguns afirmam ser uma iniciativa louvável para criar um certo compromisso com a melhora do aprendizado em matemática, educadores expressam certo repúdio ao vínculo financeiro e à falta de capacitações propostas aos tutores.
A minha pergunta é: será que a matemática é indiscutivelmente chata e a única solução para despertar o interesse de crianças, naturalmente sedentas por aprendizagem, é o vínculo direto com benefícios materiais?
Fico pensando se não há outras formas mais interessantes de despertar o prazer em aprender, em se relacionar com o outro por meio do conhecimento e a superar as dificuldades de aprendizado do que apenas vinculando o sucesso escolar com bonificações de toda ordem. Afinal, a dificuldade em uma matéria específica como a matematica pode ser o reflexo de uma série de outros fatores que atrapalham o desenvolvimento do raciocínio e o desenvolvimento da criança.
O que estas crianças estão de fato precisando é uma educação baseada em valores, que contextualize o aprendizado e contribua para a inserção social. Assim, gostaria de citar o Projeto Entreeducar como uma iniciativa pioneira na forma de complementar o ensino formal, e de colaborar para o desenvolvimento de uma relação afetiva entre o educando e o conteúdo aprendido. Para isso, universitários da FGV reunem-se semanalmente para elaborar e discutir atividades educativas lúdicas e dinâmicas. Assim, aos sábados, as crianças podem participar de momentos educativos não convencionais. Por exemplo: Um caça ao tesouro deixa de ser em busca do tesouro do pirata e passa a ser em busca dos segredos da matemática. O mapa é substituído por pistas que levem em conta os conhecimentos que a criança tem sobre as matérias escolares, e o educando é confrontado na prática a desenvolver suas capacidades de raciocínio. Aproveita-se o espaço de diversão para contextualizar o aprendizado. 
Dessa forma, é possível trazer o jogo e a brincadeira - tão presentes e importantes no nosso desenvolvimento intelectual - como complementos para atrair o interesse dessas crianças com dificuldades. O Entreeducar aproveita-se do potencial existente na universidade para propiciar uma troca de experiências de interesse mútuo. Sensibilizando as futuras lideranças do país por meio do contato direto com crianças do ensino público de base. O Projeto está aos poucos saindo de sua fase experimental, acumulando parceiros e admiradores na construção de uma outra forma de se relacionar com a educação. 

domingo, 8 de agosto de 2010

A Torre 2: Alta tensão



Viver na beira de uma das estradas de maior movimento do Brasil já seria desagradável o suficiente. Morar em uma região sem infra-estrutura, abandonada pelo poder público e palco de disputas territoriais por parte de grandes companhias de, adivinhe: infra-estrutura.
Na comunidade conhecida como "da Torre", localizada na entrada de Guarulhos pela Rodovia Fernão Dias, os habitantes se viram obrigados a estabelecer suas moradias apoiadas nas grandes estruturas metálicas que carregam milhares de Volts de eletricidade sem parar. Com a grande maioria das casas feita de restos de outdoors e madeira podre, a comunidade ainda possui uma série de características atenuantes à situação de vulnerabilidade e risco social.
A grande quantidade de lixo depositado no entorno, somado à proximidade com um córrego sem escoamento correto, atraem para a região um odor desagrádavel e constante, que marca até no olfato a precariedade da condição de vida daquelas pessoas. Incomodando a visão e a tranquilidade das famílias estão as imensas estruturas da rede elétrica que servem de apoio estrutural para algumas moradias empilhadas sem planejamento.
Da mesma forma que essas estruturas dão certo suporte as construções improvisadas, também relembram o tempo todo o perigo desta proximidade com a rede elétrica, resultando em um número razoável de mortes por causa do contato direto com a eletricidade. Os moradores que ali residem - alguns com mais de dez anos de "casa" - dizem já ter se acostumado com a condição, e agora reclamam da remoção feita pela prefeitura, em nome das empresas de energia (ir)responsáveis pela área.
Não há dúvidas de que esta comunidade não deveria ter se estabelecido nesta região, deste modo. Porém, poucas são as soluções encontradas pelo poder público e por empresas privadas para realocar estas pessoas para outro lugar mais seguro. Quando a funcionária da prefeitura foi confrontada sobre o futuro destas pessoas, primeiramente afirmou que "estas pessoas" sempre voltam a morar nestas condições.
Mas quais são os incentivos, ou mesmo as alternativas que estão sendo dadas para evitar que estas famílias que atualmente estão desestruturadas e/ou passando por uma dificuldade extrema possam sair desta condição? Com certeza, se as oportunidades certas estivesses disponíveis, todos poderiam encontrar uma alternativa menos cruel e se reerguer aos poucos.


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