sábado, 14 de agosto de 2010

Não paguem às nossas crianças, eduquem-nas!


                                      
Muito se escuta - e se fala - sobre a importância da educação para o crescimento e desenvolvimento de um país. Porém, raras são as vezes em que se é possível observar e discutir qual educação, de que forma ela deveria acontecer, e quais os meios para deixá-la mais atrativa e, portanto, mais eficiente.
Na Folha de São Paulo de ontem, o caderno Cotidiano traz uma reportagem sobre um projeto chamado Multiplicando Saber. Nem vou começar dizendo "a ideia é boa, mas..." porque particularmente não acho o princípio positivo. O projeto é um piloto, fruto de parcerias interessantes: o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Organizações Não-Governamentais, professores da Universidade de São Paulo (USP), e pesquisadores da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE).
A proposta se divide em duas iniciativas principais. Primeiro, jovens do 2º e 3º ano do ensino médio poderão se inscrever para serem tutores em matemática de "pupilos" da 6º ou 7º série do ensino fundamental. A segunda iniciativa é premiar os chamados pupilos que comparecerem a um mínimo de aulas de reforço escolar (pois elas são recomendadas, mas não obrigatórias).
Os tutores selecionados receberão R$115,00 para ministrar estas orientações e os pupilos serão beneficiados com R$50,00 se atingirem a presença mínima. A própria matéria traz opiniões divergentes. Enquanto alguns afirmam ser uma iniciativa louvável para criar um certo compromisso com a melhora do aprendizado em matemática, educadores expressam certo repúdio ao vínculo financeiro e à falta de capacitações propostas aos tutores.
A minha pergunta é: será que a matemática é indiscutivelmente chata e a única solução para despertar o interesse de crianças, naturalmente sedentas por aprendizagem, é o vínculo direto com benefícios materiais?
Fico pensando se não há outras formas mais interessantes de despertar o prazer em aprender, em se relacionar com o outro por meio do conhecimento e a superar as dificuldades de aprendizado do que apenas vinculando o sucesso escolar com bonificações de toda ordem. Afinal, a dificuldade em uma matéria específica como a matematica pode ser o reflexo de uma série de outros fatores que atrapalham o desenvolvimento do raciocínio e o desenvolvimento da criança.
O que estas crianças estão de fato precisando é uma educação baseada em valores, que contextualize o aprendizado e contribua para a inserção social. Assim, gostaria de citar o Projeto Entreeducar como uma iniciativa pioneira na forma de complementar o ensino formal, e de colaborar para o desenvolvimento de uma relação afetiva entre o educando e o conteúdo aprendido. Para isso, universitários da FGV reunem-se semanalmente para elaborar e discutir atividades educativas lúdicas e dinâmicas. Assim, aos sábados, as crianças podem participar de momentos educativos não convencionais. Por exemplo: Um caça ao tesouro deixa de ser em busca do tesouro do pirata e passa a ser em busca dos segredos da matemática. O mapa é substituído por pistas que levem em conta os conhecimentos que a criança tem sobre as matérias escolares, e o educando é confrontado na prática a desenvolver suas capacidades de raciocínio. Aproveita-se o espaço de diversão para contextualizar o aprendizado. 
Dessa forma, é possível trazer o jogo e a brincadeira - tão presentes e importantes no nosso desenvolvimento intelectual - como complementos para atrair o interesse dessas crianças com dificuldades. O Entreeducar aproveita-se do potencial existente na universidade para propiciar uma troca de experiências de interesse mútuo. Sensibilizando as futuras lideranças do país por meio do contato direto com crianças do ensino público de base. O Projeto está aos poucos saindo de sua fase experimental, acumulando parceiros e admiradores na construção de uma outra forma de se relacionar com a educação. 

2 comentários:

  1. Esse projeto me lembra um ligado ao judaismo que eles tambem pagam para os jovens que vao...
    esqueci o nome mas vc com ctz vai saber....

    Acho um gde absurdo pagarem as criancas para aprender , acredito sim em metodologias diferentes para atrair as criancas a educacao..
    Talvez capacitar mais os profissionais para que eles saiam daquele cliche , professor , lousa , livro, aluno.

    Ate concordo em investir em alunos mais velhos para serem tutores , mas acredito que eles devem ser recompensados de outra maneira.

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  2. Esse entreeducar parece ser muito interessante. Abraço colega!

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