domingo, 13 de junho de 2010

Por uma outra abordagem

A Folha de São Paulo publicou hoje em seu recém criado caderno entitulado Mercado, uma matéria com a seguinte manchete "Brasil deve cortar pobreza à metade até 2014".
A reportagem é baseada na entrevista cedida pelo economista Marcelo Neri, chefe do Centro de Pesquisas Sociais da FGV-Rio. O que chama a atenção é a fundamentação puramente econômica para uma afirmação de tamanho peso quanto a da chamada para a reportagem.
A análise do Centro de Pesquisas é bem pouco questionável em relação a sua metodologia, tendo em vista a credibilidade que uma instituição como a FGV-Rio tem no setor econômico. O que incomoda é a redução de todo um contexto social de desigualdades sociais invisíveis em apenas um viés, voltado principalmente ao crescimento econômico do país na chamada "era Lula".
Não há dúvidas que o país vem experimentando nos últimos anos uma fase de excelente desenvolvimento econômico, com consequente aumento de visibilidade e força política internacional, mas ainda é bastante cedo afirmar que o país está ativamente diminuindo as desigualdades sociais. Para usar de um pouco de teoria econômica, o economista Marcelo Neri parece ser adepto de um ponto de vista keynesiano que afirma que é necessário esperar a massa do bolo crescer para dividi-la. Porém, esta prática é revista e criticada pelo economista e consultor das Nações Unidas, Jeffrey Sachs.
Segundo Sachs, os países desenvolvidos e também os emergentes deveriam investir ativamente uma maior parcela do PIB em ações práticas de desenvolvimento. Eu particularmente acredito que uma reportagem que traz uma notícia tão boa, como este anúncio da redução de metade da pobreza do país, deveria estar inserida em um caderno como o Brasil, ou o Cotidiano. E sendo bem crítico, eu gostaria de ver no detalhe da reportagem ações que vem sendo realizadas pelo Estado, empresas e a Sociedade Civil, organizada ou não, subdivididas em projetos para melhoria da Habitação, Educação, Segurança Pública, Saneamento Básico, Transportes e Geração de Renda, para citar apenas algumas das questões que rodeiam as desigualdades de oportunidade do Brasil.
O foco apenas no crescimento econômico do país e na geração de renda encoberta por números despersonalizados reafirma a visão corrente de que a pobreza é vista no país como um fenômeno quase que exclusivamente restrito à Economia, e pouco focado na complexidade e amplitude multidisciplinar que deveria envolver a discussão da Pobreza.

Obs: Na reportagem foi considerada a Pobreza como: pessoas que vivem com até R$137,00 per capita por mês.

Um comentário:

  1. Querido amigo Alexandre,

    Parabéns pela iniciativa de compartilhar o que tem estudado com tanto carinho. Espero de coração que seus posts nos ajude a ampliar nossa visão crítica do mundo. E evitar que sejamos vítimas de projeções e estudos desprovidos da visão HUMANA.

    Abs,

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